sábado, 26 de fevereiro de 2011

Divã de areia


Moleira, caseira, sem eira nem beira

Encontro-me no asfalto descalço sem salto

Sem orgulho e muito menos documento

Caminho, caminhando, caminhei, sem lamento

Não, só lamento.

Lamento por lamentastes do meu lamento

Lamento por me usar como um instrumento,

Ao relento.

Virai a cara e caminhastes, ou só andou

Mas não se importastes com o que deixastes do seu amor.

Vento que embala meus cabelos no bailar da barra da saia

Saia que embala meu andar, meu tomara que caia

Tomara que não caia, tomara que não saia.

Areia que entra em meus dedos e dão forma aos meus passos

Escreva meus traços nos caminhos que laço

Faço, caço, laço sem nó, só para enfeitar

Enfeitar meus sonhos mal sonhados em uma cantiga de ninar

Conto pra ti meu mar

Encanto-me por ti, meu mar

Caldo salgado molha minha barra na beira da saia de frente pra praia

Tomara que caia

Leva contigo deixa o perigo, leva só o amor

Deixa o amor, deixa o perigo, leva o medo

Deixa o desejo

Receio, segredo, sem medo sem dor

Caminha pro fundo, sereno profundo

Puxa-me, bata-me, banhe-me, laça-me de volta para o começo

Começo,

Encontro-me no asfalto de salto

Com orgulho e sem documento

Lamento, ao relento.