
Moleira, caseira, sem eira nem beira
Encontro-me no asfalto descalço sem salto
Sem orgulho e muito menos documento
Caminho, caminhando, caminhei, sem lamento
Não, só lamento.
Lamento por lamentastes do meu lamento
Lamento por me usar como um instrumento,
Ao relento.
Virai a cara e caminhastes, ou só andou
Mas não se importastes com o que deixastes do seu amor.
Vento que embala meus cabelos no bailar da barra da saia
Saia que embala meu andar, meu tomara que caia
Tomara que não caia, tomara que não saia.
Areia que entra em meus dedos e dão forma aos meus passos
Escreva meus traços nos caminhos que laço
Faço, caço, laço sem nó, só para enfeitar
Enfeitar meus sonhos mal sonhados em uma cantiga de ninar
Conto pra ti meu mar
Encanto-me por ti, meu mar
Caldo salgado molha minha barra na beira da saia de frente pra praia
Tomara que caia
Leva contigo deixa o perigo, leva só o amor
Deixa o amor, deixa o perigo, leva o medo
Deixa o desejo
Receio, segredo, sem medo sem dor
Caminha pro fundo, sereno profundo
Puxa-me, bata-me, banhe-me, laça-me de volta para o começo
Começo,
Encontro-me no asfalto de salto
Com orgulho e sem documento
Lamento, ao relento.